Entrei na vida
com armas de vencida:
Alma, Sonho, Poesia.
Quando eu cantava
o mundo ria
mas nada me importava:
cantava.
Depois, um dia,
o mundo atirou pedras ao meu canto
e a minha alma rasgou-se.
Que seria?
Medo, espanto,
revolta ou simplesmente dor?
Fosse o que fosse,
o orgulho foi maior.
Com dez punhais nas unhas afiadas
e nos olhos azuis duas espadas,
eu nunca mais seria, nunca mais,
a que entrara na vida
com armas de vencida.
Agora o meu querer era mais fundo:
dum lado, eu, do outro, o mundo.
E começou a luta desigual
do tigre e da gazela.
A vencida foi ela.
Mas que louros colheu dessa vitória
o mundo cego e bruto?
O sangue dos Poetas? Triste glória...
Cinza dos sonhos mortos? Magro fruto...
Ah, não, punhais e espadas!
Eu só quero cantar! Não quero ossadas,
nem, sob os pés,um chão de campas rasas.
Eu só quero cantar! Só quero as minhas asas
e a minha melodia:
Alma, Sonho, Poesia.
Alma, Sonho, Poesia.
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