Contam que em pequenino costumava,
Ao ver-me num cristal reproduzido,
Beijar a própria boca, em que julgava
Ver a boca d'alguém desconhecido.
Cresci. Amei-a. E tão alheio andava
No sonho por seus olhos promovido,
Que em vez de cartas que Ela me mandava,
Eu lia o que trazia no sentido.
Rodou o tempo. Estou doente e velho...
Agora, se me acerco d'um espelho,
_ Oh! meus cabelos, noto que alvejais...
E as cartas d'Ela, se as releio agora,
Só vejo por aquelas linhas fora
Palavras e palavras. Nada mais!
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