domingo, 30 de agosto de 2009

CONTAS PARA UM ROSÁRIO NEGRO-2- BERNARDO SANTARENO

As minhas mãos e as tuas,
ansiosas de amor,
venceram a distância:
Fizeram-se nuvens livres
com longos dedos de brisa,
cruzaram oceanos
e... quase chegaram,
quase se tiveram!...


Uma lágrima tua,
uma só,
as separou.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

"A REVOLTA DOS ANÕES"

No meu reino de sonhos e magia vejo-me a braços com uma situação delicada, difícil, que urge controlar. Os anões amotinaram-se e transformaram os meus dias, e noites, sobretudo as noites, em batalhas perdidas pela positividade. O que me deixa num trilema: Castigo-os e despeço-os por conduta imprópria e desleal, o que me deixará desprevenida, claro; ignoro-os, na esperança de que se cansem e deixem de atormentar-me; ou mimo-os, na suposição optimista de que me tratem bem?Todas estas pseudo soluções terão custos e consequências futuras... Se os "despedir", que faço sem "anões"? Sobreviverei à hecatombe? Se os ignorar, podem piorar a situação por falta de cuidados... Se lhes der muita atenção, podem descontrolar-se e fragilizar-me, o que "já" me não dará jeito. Cansei-me de vogar ao sabor das circunstâncias, propícias ou adversas... Tenho de ser EU e tomar de vez os comandos da minha vida e de mim mesma. Quero "ser","fazer", "criar" , Viver. Quem há-de mandar em mim? Os Anões? Ora façam-me o favor!... Já não bastavam os pensamentos desalinhados..., as emoções insubmissas... Ainda tinham que chegar os anões rebeldes e vingativos para tumultuar o espaço...! Imaginem se posso dar confiança a "anões" ranhosos!
Nova gerência!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

ALMA, SONHO, POESIA----------Fernanda de Castro

Entrei na vida
com armas de vencida:
Alma, Sonho, Poesia.
Quando eu cantava
o mundo ria
mas nada me importava:
cantava.

Depois, um dia,
o mundo atirou pedras ao meu canto
e a minha alma rasgou-se.
Que seria?
Medo, espanto,
revolta ou simplesmente dor?
Fosse o que fosse,
o orgulho foi maior.

Com dez punhais nas unhas afiadas
e nos olhos azuis duas espadas,
eu nunca mais seria, nunca mais,
a que entrara na vida
com armas de vencida.
Agora o meu querer era mais fundo:
dum lado, eu, do outro, o mundo.
E começou a luta desigual
do tigre e da gazela.

A vencida foi ela.

Mas que louros colheu dessa vitória
o mundo cego e bruto?
O sangue dos Poetas? Triste glória...
Cinza dos sonhos mortos? Magro fruto...

Ah, não, punhais e espadas!
Eu só quero cantar! Não quero ossadas,
nem, sob os pés,um chão de campas rasas.
Eu só quero cantar! Só quero as minhas asas
e a minha melodia:
Alma, Sonho, Poesia.
Alma, Sonho, Poesia.