quarta-feira, 12 de maio de 2010

BOM SENSO------------parte 2

1-Bom senso na alimentação
Todos temos as nossas preferências alimentares, as nossas incompatibilidades (e, por sinal aziago é precisamente o que nos faz mal que nos regalamos a comer... São os nossos vícios, mais ou menos secretos. Lá diz o ditado: O que é bom faz mal, engorda ou... é pecado.) Pois aqui exige-se bom senso. Moderação. Responsabilidade para com a nossa saúde e a dos outros.
2-Na vida sentimental ou afectiva
Não se deve exagerar nos afectos. É preciso conter-se. Assentar os pés bem na realidade. O excesso leva à possessividade, à cobrança, ao mal-estar, às discussões, à infelicidade. Para não falar no alvo do desvario (há sempre um parceiro mais sensato, ou frio, talvez felizmente) que se aborrecerá com a asfixia...Portanto, o exagero só pode ser contraproducente.
(Mas se a sua natureza é exceder o comum, aceite-se. Tente não ser muito magoado pela vida e... respeitar o outro na sua maneira de estar e de sentir. Tente não perder o sentido das realidades. Afinal, cada qual é como é.)
3-Nas amizades
É essencial manter os relacionamentos seguros, estáveis, baseados nas afinidades, no respeito, na confiança. Não abafar os amigos com a sua forma hiper sensível ou insegura de ser, não os decepcionar, honrar os compromissos e mostrar consideração. Não forçar nada. Respeitar.
4-Na vida profissional
A diferença entre alguém competente, cumpridor e empenhado e um trabalhólico (alguém com o vício, pior, a obsessão do trabalho) é exactamente o que o termo sugere: Uma pessoa que não sabe viver fora da profissão e dos seus problemas, que vive em constante perseguição de objectivos, cada vez mais longínquos, exigentes e ambiciosos.
Um trabalhólico é uma ameaça para si próprio__candidato a doenças causadas pelo stress- para os seus colegas, que o vêem como um rival "agressivo e sem escrúpulos", fonte de inquietação permanente e... sujeito a invejas; Para a família negligenciada, que usa frequentemente como desculpa para a sua ambição desmedida, não reparando que está a amputá-la da sua presença, das suas atenções, do seu amor, dado e recebido, de tudo o que vale a pena e não pode ser comprado.
5-Bom senso no consumo
Urge , cada vez mais, ter cuidado, não exceder as possibilidades reais (é dificílimo, com tantas solicitações actuais, necessidades falsas, criadas pela publicidade enganosa e as facilidades de crédito. "Laços ao dinheiro", dizia a minha avó.) Respeitar-se e respeitar o ambiente, não esquecendo os três Rs: Reduzir, Reutilizar, Reciclar.
Gastar menos, preocupar-se menos, poluir menos.
6-Bom senso na Moda
Não perder a perspectiva do bom gosto e das conveniências. Evitar ser uma fashion victim, ou seja, vítima da moda. Deve usar-se o que nos fica bem, sem deitar a perder as finanças da família, nem ficar parecida com um bouquet garrido ou... uma árvore de Natal.
Uma regra fácil, por exemplo,é não repetir a mesma cor em mais de três peças na mesma toilette. Se não se sente segura a combinar cores, arriscar pouco para além dos cambiantes da mesma cor, o ton sur ton que sempre fica bem, e é com certeza de bom gosto, sem se tornar monótono. Não se encher de acessórios, que carregam e pesam no conjunto. Se tem folhos na gola, não use colar. Se o vestido é bom, bonito e de desenho rico ou textura agradável, prefira uns belos brincos. A elegância é sóbria. The less is more.
7-Bom senso na vida financeira
Não ser ganancioso nem avarento, isto é, não ser tristemente miserável, se tiver condições de viver melhor e ser generoso, nem perdulário fora da sua realidade, a caminhar a largos passos para o desastre, a ruína pessoal, atolado em dívidas cada vez mais difíceis de pagar.

E que dizer do triste espectáculo da vida social... É estar atento aos notíciários, é só abrir o jornal...! "Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão".
Penso que muitos desvarios da sociedade derivam da crise, que todos ajudámos a instalar com a nossa fuga à realidade, o querer viver acima das nossas posses, o novo-riquismo artificial. Dos cidadãos e do Estado.
E o triste exemplo da vida política? Corrupção, desnorte, desrespeito... Esbanjamento dos recursos, má gestão do erário público, impostos cada vez mais pesados e ... desaproveitados... Vigarices. Falta de vergonha. E não nos iludamos. Não é provável que haja uns melhores que os outros. É tudo a eito.


É claro que tudo na vida requer moderação. O tal tacto. Ou bom senso. In medio virtus.


Terei eu bom senso? Nem por isso, reconheço. É fácil dar-me conta dos erros alheios, e até dos próprios. Teorizar. Reconhecer o remédio. Mas viver de acordo com estas e outras convicções, verdadeiras mas, porque idealizadas, longe da prática que me é possível, é muito mais complicado. Vai-se tentando.

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