quarta-feira, 15 de abril de 2009

ANOITECER--------------------1966

A tarde suspira e agoniza
A natureza funde-se num estertor
Uniforme e ensanguentada no poente...
Há nos seres criados uma inquietude
Ansiosa como se esperar a mortalha negra
Da noite fosse ansiar uma libertação...
Mas não há sofrimento na agonia da tarde:
Apenas desprendimento um impreciso
Halo de saudade...
E as sombras veladas
Infiltram-se fundo
Na essência das coisas,
Envolvem tudo e todos
No mesmo amplexo
De fraternidade e compreensão...
Em êxtase da noite adormecida
Evola-se ténue uma sentida prece...
Flutuam esparsos no ar pedaços de hinos
E a lua estremecendo pálida e inquieta
Estende e alonga os dedos álgidos de prata
E mergulha-os no mar...

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