quinta-feira, 4 de junho de 2009

LA BELLE ÉPOQUE-------------------1966

Se eu fosse uma donzela delicada
De alvos punhos de renda
E lindos bandós
Se vivesse numa corte de sonho
Num palácio de encantamento
As noites para mim seriam dias
E ao luar escutaria os mil segredos
Que os regatos sussurram e insinuam


Se eu fosse uma bela dama
De caracóis de oiro
Olhos cor de esperança
E lábios de coral
Se tangesse a harpa angelical
Se entoasse lindas árias
Co'a minha voz de cristal
nos longos serões seria admirada
E as estrelas longínquas
Quedar-se-iam enleadas


Se eu fosse uma condessa linda
De folhos engomados jóias cintilantes
sapatinhos de cetim
Brilharia nos salões
Admirada adulada acarinhada
Estonteante e caprichosa
Destroçaria corações
e as damas invejosas
Por trás dos leques de plumas
Entre risinhos nervosos
Morder-se-iam despeitadas


Ao ecoar uma valsa
Deslizaria contente
Pelo braço do meu par
(Um belo príncipe encantado
Que comigo quer casar)
No ardor "desse" momento
Na magia desse olhar
Esqueceria de bom grado
A minha efémera glória
De beleza e sedução


Mas cansada de lisonjas
Falso brilho e ostentação
Entre suspiros saudosos
No leito alto e delicado
Fitando os olhos extáticos
No fulgurante dossel
Expiraria só bela e pálida
Tísica entediada melancólica
(Apenas a sombra de um remorso
Da minha cândida perfídia
Viria perturbar aquela paz)

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