quinta-feira, 18 de junho de 2009

O TEJO CORRE NO TEJO------Alexandre O'Neill

Tu que passas por mim tão indiferente,
no teu correr vazio de sentido,
na memória que sobes lentamente,
do mar para a nascente,
és o curso do tempo já vivido.

Não,Tejo,
não és tu que em mim te vês,
_sou eu que em ti me vejo!

Por isso, à tua beira se demora
aquele que a saudade ainda trespassa,
repetindo a lição, que não decora,
de ser, aqui e agora,
só um homem a olhar para o que passa.

Não, Tejo,
não és tu que em mim te vês,
_sou eu que em ti me vejo!

Um voo desferido é uma gaivota,
não é o voo da imaginação;
gritos não são agoiros, são a lota...
Vá, não faças batota,
deixa ficar as coisas onde estão...

Não, Tejo,
não és tu que em mim te vês,
_sou eu que em ti me vejo!

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