sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

CANÇÃO DO AMOR ESTÉRIL___________1965

Traçou-me Deus
Um destino
A que não posso fugir...
Seguir-te sempre
Ignorada
Na lama a fundir-se a dor.

Amar-te? Para quê?
Se não posso aspirar
A seiva dos teus beijos...
Afagar teu rosto
Com minhas mãos trementes...
Rolar a alma
Na sombra dos teus passos...!

Amiga? Não...!!
Se banho em pranto
Os olhos roxos...
Se morro em cada instante
Na angústia louca
De tanto te querer...!

A doçura do teu olhar sereno
Desperta em mim
A recordação amarga
Do beijo casto que pousaste um dia
Na minha mão disforme.

E eu, que já o não sou,
Blasfemo torturada
Na amargura
-Maldita a hora, ó Deus,
Maldita a hora
Em que insuflaste em mim
O hálito da vida!...

E o sonho lindo
Que embalei um dia
Dilui-se cruamente
Na incerteza
Do meu amor estéril
Na mágoa ansiosa
De em vão te querer...

1 comentário:

Vitor Oliveira Jorge disse...

Olá
Obrigado pelas imagens que me enviou. Estou de partida. Keep in touch
V.
http://trans-ferir.blogspot.com