sexta-feira, 2 de outubro de 2009

de Manuel Gusmão

No crepúsculo da tarde, acende-se no alpendre daquela casa
a presença de uma mulher que espera.
Espera o eco do canto que há pouco entoou ao findar o sol.

As árvores que deitam a colcha das suas copas sobre a colina
em frente formam a câmara de ressonância.
Que foi guardando as estrofes e o seu desenho em ondas.

Fiel e inventivo, o eco esperou que chegasse ao fim
o canto. E só depois de reconstruído, todo e intacto,
o devolveu pelos ares ao encontro da fonte, que esperava

no alpendre daquela casa, que o crepúsculo da tarde acendia.

Sem comentários: