quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

GRITO-------------------2----------------------------1969

Ah como as palavras ferem
Se a intenção é fazer mal
Esta angústia de calar
Quando há tanto que dizer
Se um abraço diz tudo
Porque havemos de falar?
E se há névoas presentes
Porque temos de esconder?
Que vazio! Que cansaço
A alma agora contém...
Uma vida para amar
Corpo e alma para dar
E asas para queimar
Dia a dia por alguém...
É dele a minha ternura
Meu roseiral-sepultura
É dele todo o meu mundo
Vem dele toda a ventura
Minha amargura também
Quisera ser para ele
A única e o sumo bem
Mas há tanta, tanta estrela
A cruzar-se lucilante na estrada do destino...
Não quero lutar... Para quê? Nem as posso desviar...
Nas pontas dosmeus dedos
Há finas setas de orgulho
Que desfere a dignidade...
Com elas eu rasgo o peito
E encharco as unhas
De angústia de sangue
Sem que me deixe o rosto
Uma farsa de sorriso...


Quem sabe do meu sofrer?
Do meu longe que é um hino?
Do meu cimo e do meu fundo?
Anseios de liberdade...
Se é esta a minha verdade?...!


Sim! Todas todas elas
A luz falsa a cintilar
Parecem melhores do que essa
Que não tem brilho de festa
Antes se abre bem modesta
E apenas tem que a mereça
Vida intensa para amar!

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