terça-feira, 25 de novembro de 2008

ETERNIDADE-------------------1968

No abandono doce e trágico
Deste momento de amor
Desvenda o enigma dos meus olhos tristes...
Descobre neles o adeus submisso
Que nasceu no teu sorriso
E a ternura arrebatou.


Mas ao morrer nos teus braços
Exausta pelos teus beijos
Não te despeças de mim...
Sem desespero, sem lágrimas,
Abre a cova num canteiro
E enterra-me no jardim.
Deixa os vermes e as plantas
Beber vida nos meus olhos
Que não sabem ver-te mais...
Não cruzes as minhas mãos:
Que eu as sinta muito leves
Para afagar o teu rosto
Depois que o meu se apagar...
Não; não procures a essência que não sou!
Beija a rosa vermelha
Que hauriu em minha boca murcha
O alento sensível do orvalho
E um grande amor por ti.


Sentindo os ossos palpitar
Numa ilusão de vida
Enlaçados nas raízes
Julgarei que és tu a conchegar
Num abraço mágico e alado
O meu pobre coração gelado
Em tuas mãos viris.

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