terça-feira, 17 de março de 2009

"ATÉ SEMPRE, MEU AMOR"

Era o tempo em que tudo começava e acabava em ti, e inventava nomes de harmoniosas acústicas para as personagens que encarnavas nos meus sonhos... (ainda ando muitas vezes em círculos e perco-me nos assombros da emoção).
Recuperei os gestos pueris e antigos de escrever na areia as iniciais breves e cheias do teu nome, rodeadas pelo desenho quase perfeito de um coração- tão solitário.
Ainda trauteio desolada velhas melodias de então e encontro formas estafadas de te incluir nas rimas...
Há-de vir o tempo- que tempo?... eu tenho lá tempo!...- em que chutarei para longe o pedestal que não quis e onde me içaste para me moldares ao teu ideal impossível, utópico. Enforcar-me-ei no luar da realidade... Não sei bem se valha a pena escancarar a verdade... Amputada de ti, que tenho eu a perder?... Ou a ganhar?

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Toda a onda regressa ao vórtice que a motiva... O meu amor desvairado (ou obsessão) que não procurei neste carma antigo ficou ali, suspenso na extremidade do tempo novo, encerrado numa ampola translúcida de sonho, derramando a sua luz leitosa, encantatória e difusa sobre o presente... A mágoa de hoje é igual à de antes, repetitiva e absurda. Se a mostrar não a verás... tão insensível o teu coração..., dolorido e ansioso, tão emotivo apenas nas tuas rimas certas. Tem um nome: rejeição. E desconsideração.
Cansei-me de viajar à toa na galáxia... de colidir a esmo com ambiguidades siderais... ignorando as sombras voadas fragmentadas nos olhos cegos, porque sim. As evidências somam-se à tua indisponibilidade crónica. Os teus olhos, que reencontrei ariscos, fugidios, e confundi com uma atitude discreta e arredia, revelavam a tua culpa... O que desde então calaste, mas não me proibiste de revelar, não encobria nenhum mistério indecifrável, se eu quisesse ter lido nas minhas intuições tão certas.
Ontem como agora é o adeus.
Desta feita não irás, porque nunca te tive... De longe em longe o eco inesperado da tua voz acordará em mim a sensação de perigo, o júbilo e a dor do silêncio que paira nutrindo a perda que fica depois de te calares...
Vou partir. Emigrar de mim. Serei de novo uma sobrevivente. Se cantar a alegria será minha.
No fundo da alma, resignada, a tua presença inevitável lembrando momentos parcos de certezas incertas, fiapos de ilusão que prendi e desprendi sozinha na teia de equívocos do teu silêncio para mim audível... na sombra inesperada das tuas ausências insuspeitas... nos teus regressos ambíguos...
Aplaquei-me na sensatez que não tinha. -A garota apaixonada sucumbiu, soterrada nos escombros das emoções contidas, retidas, expostas e não correspondidas...
Tens agora a amiga certa, para sempre.

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