terça-feira, 3 de março de 2009

CROQUIS----------------------------------1971

Um rosto gaiato
Um riso burlão
Lambendo os salpicos
E desenhando no chão
Um rasto sem convicção
Enterrava os pés na areia...


E até vir a maré cheia
Ambulava pela praia
Só tranquilo e sem destino
Nada
Nada a justificar
O seu riso de menino


Voltava o rosto para o céu
E bebia luz
_Eu senti-me envergonhada
Do fardo que carregava...


Com a ponta dos pezitos
Revirava as conchas brancas
E como as ondas mais gordas
Avançavam seus requebros
Espreguiçou-se contente
E sentou-se no molhado.
_O que me impelia a ver
E o tempo ali parado?


Qualquer coisa na postura
Fazia adivinhar a gargalhada
Tremiam-lhe as espáduas
Ou era a melena sacudida
Que oscilava
Ou a sua presença viva
Que estranhamente palpitava...
Ou...
Sim... Mais nos olhos
Que na boca
Mais nos gestos que nos sons...
Ria interiormente o pequenito
Um riso intenso satisfeito
e que me arrepiava


_Porque rias tu menino
E eu mais triste chorava?

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