domingo, 22 de março de 2009

SÚPLICA FERVENTE-----------------1966

Quando as estrelas cansadas
Apagarem o seu brilho
E com elas
Findar a esperança...
Quando, com medonho fragor,
O mundo
se fender...
Quando, alimento de vermes,
Meu corpo se desfizer...
Quando houver apenas vácuo...
Quando Deus,
Destruída a Sua obra,
Reinar glorioso e justiceiro...
Entre os uivos sofredores
Perdidos no espaço
Deambulará minha alma aflita
Buscando a tua
No Eterno Presente...
Quando tudo o que agora
Nos separa
Tiver já desaparecido...
Se eu te procurar
No silêncio trágico,
Se eu te disser, enfim,
a súplica que ora me queima os lábios
Mas que afogo receosa,
estende-me a tua mão amiga...
Não me deixes só...
Caminharemos nas trevas,
Resignados,
Na simplicidade abstracta do inevitável...
Não seremos mais
Eu e tu,
Seremos nada...
Juntos, no deserto da amargura,
No abismo do desespero,
Sedentos de Paz..., de Amor...,
expiaremos nossas culpas...,
Choraremos...
E as lágrimas que vertermos
Serão bálsamo,
Frescura...
Consolarão nossas dores.

Sem comentários: