quarta-feira, 27 de maio de 2009

DESESPERO---------------------1966

Se eu esmorecer
De fadiga
Abandona-me no limiar da vida...
Estende abismos e penhascos
Para além dos meus olhos
Que se alongam
Chorosos na distância.
Estou cansada
Guia-me na desolação
Do nada que penetra em mim,
Mas conduz-me pelos atalhos
Mais penosos...
Tenho sede,
Dá-me fel...
Tenho fome,
Dá-me escolhos...
Afasta de mim o desespero
Da busca do não-sei-quê
Sabendo, por de mais, o que procuro...
Quero gritar ao mundo
E a Deus
Que o verme que vês
Revolver-se na lama
a teus pés
Sou Eu...!
Humilhada,
Elevando-me na desgraça...
Desprezada,
Orgulhosa da minha miséria...
Despojada,
Avara do meu nada...

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