segunda-feira, 25 de maio de 2009

DEMÊNCIA-------------------1964

Sacodem-me o corpo
Frémitos de loucura...
Avermelham-se as faces
No ardor da febre.
Uma sombra
Patética oculta
E vela um clarão vivo,
Sinistro,
De demência...


E o terrível,
Fantasmagórico pesadelo
Volta...
Voltam de novo, com ele,
Mundos disformes,
Difusos,
Para me arrastar...
Para me obrigarem a despenhar
No vácuo do esquecimento...
Gritos pungentes,
Vibrantes,
Ecoam no meu cérebro cansado
E fazem vibrar os meus nervos
Lassos, como hastes tensas de um diapasão...


E sobrevem então
O terror!
O terror indeciso
De algo indefinido
E vago... Do nada...
O medo atroz
De enlouquecer!
Como se não estivesse
Quase louca...


Eu, pobre farrapo humano
Revolto-me, na minha mesquinhez...,
E odeio aqueles
Que de mim têm compaixão...!
Afundo-me, cada vez mais,
no Abismo de trevas,
E nada posso fazer
Para as dissipar...
Para regressar à luz
...E à vida...

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