domingo, 31 de maio de 2009

LIMBO------------------Miguel Torga

É o pranto
Que ninguém chora
Que eu agora
Canto.

E aquele amor constante,
Desenganado,
Que nunca teve amante
Nem amado.

E o gesto cordial que se não fez,
Nem faz,
E fica por detrás
Da timidez.

E o imortal poema
Por acontecer,
Irmão do vento, seu rival sem asas:
Lume a fugir das brasas
Antes de a lenha arder.

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